Serei eu somente mais uma laranja mecânica?

Serei eu somente mais uma laranja mecânica?
"Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo. E uma das condições necessárias pra se pensar certo, é não estarmos demasiado certos de nossas certezas."
-Paulo Freire-

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Oratória

Desenho em seu corpo
Meu prazer enrustido
Te tiro o vestido
Me tira do tédio

Escatológico sorriso
Instiga meu vício em sua pele
Me toca pra queimar minhas vísceras
Esparrame em mim seu orgasmo ‘
Que nas entranhas eu  o sinta
Sua semente

Sussurre palavras em minha boca
Com sua lingua circule meu sexo
Os braços me abraçam as pernas
Saliva e prazer se mesclam
Nariz, lábios e virílha
Me conte uma história
Oralmente

terça-feira, 11 de julho de 2017

Três

Erotismo, narcisismo,
Sadomasoquismo,
Três pratos de trigo para três tigres tristes
Presos em suas prórprias jaulas
Seus corpos sustentam como grades
Barras de aço que reprimem o espaço
De seus desejos,
De seus espasmos

Toca minha pele, beija meu pescoço
Fale em meu ouvido o que quero ouvir
Escolha bem as palavras e me devore
Como um cão devora um osso,
Me exalte, me ascenda, me acenda
Esbraseie meu ego atraves do meu corpo
Faísca minha luxúria, meu narcisismo
Meu egoísmo.

Me contraio com o segundo toque
A outra língua é como chave
Que me abre no contato
Quebra de contrato com meu cárcere
Minha carne não é minha, submissão
Sou regido pela batuta de uma terceira mão
Me rasga, dilacera a bel prazer
Controla o rítmo, o orgasmo, o momento
Vassalo
Meu entretenimento.

Suados os tigres murmuram sonhos
O trigo suficiente pra noite
Voltam pras suas jaulas
São seus próprios carcereiros
Que se libertam esporadicamente
Mas não são oito ou oitenta
Entre uma escolha de das duas uma, talvez
A melhor resposta seja: das duas, três.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Quatro

Quatro
Entre quatro pessoas amam
O suor? O corpo?
Os corpos
Entre quatro paredes
Quatro mãos dançam entre membros
Se deslizam, nos encharcam
Se arrepiam
A lingua que preenche a boca
Escorrega pelo seu ventre
O líquido que escorre de suas pernas
Mistura-se com a saliva
E mesmo que curto, o tempo é pra sempre

De quatro,
Em quatro minutos muda-se de posição
Ora por cima, ora por baixo
O rosto no travesseiro, os olhos fechados
O espasmo causado pela penetração
Já dançamos o quarto todo,
O andamento ritmado em tempo livre
Os acentos ficam por conta dos gemidos
Entre pausas regidas pela respiração
O orgasmo orquestrado em um crescendo
Suado, o gozo se debruça no cheiro dos quatro:
Somos eu , minha poesia, meu sexo
e você que leu até aqui.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Medo

O que eu queria de verdade?
Dar um stop
Não resolver nada em um ano
Não andar igual paulistano
Na paulista em horário de pico.

Queria ouvir o silêncio
Com todas suas nuâncias
Não estressar por esperar o ônibus
Nem ficar puto de andar na chuva.

Imagina se num domingo
Depois de um ano
Eu calçasse meus sapatos
E andasse pela paulista?

Meu medo é de estar tudo igual
Mas vai ficar tudo bem...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Uma poesia e um pão de queijo

Essa poesia tem cinco minutos
Tempo de um expresso
Aqui vai a receita:
Uma grama de pó de poesia
Coloque alguns “eme-eles” de sentimentos no fogo
Um pouco de tristeza e uma pitada de arrependimento
Em menos de um minuto já pode misturar
O pó se dissolve ao sentimento líquido e surge o aroma
Esta poesia é pressa, expressa
Guardada num pote no armário
Etiquetada como “Eu”.