"Help!
I need somebody! Help1"
Porra,
já são 7:00...
"When
I was younger so much younger than today..." Click
...
...
...
...
"Help!
I need somebody! Help!"
Caralho,
mais cinco minutos e eu juro que levanto...
...
...
...
...
"Help!
I need somebody! Help!"
7:20
e eu aqui na cama. Me sentei e continuei a ouvir o despertador do
celular...
"Help
me if you can I'm feelling dooown"
Feelling
down... pfff... Queria ver se o John e o Paul já tiveram que acordar
sem ter vontade de sair da cama no seu próprio aniverssário...
Olho
o celular: sem mensagens.
"Won't
you please, please help me?" Click
Deito
de novo, olho para o teto e analiso as possibilidades: ir trabalhar e
ganhar dinheiro ou ficar doente por hoje e comemorar minha solidão
com uma garrafa de vinho? Ou duas...
Água
no fogo e quase 8:00 no relógio. Porra, não devia ter ficado
pensando, agora vou chegar atrasado no serviço, pensar te atrasa, te
faz querer pensar mais, mudar de assunto, conversar com você mesmo e
quando menos espera, já são 8:10 e a água tá borbulhando e
molhando todo o seu fogão. Merda, pensar te atrasa...
Saio
de casa quase 9:00, mesmo horário que eu deveria bater o cartão.
Tenho que agradecer por isso, trabalho registrado na é pra todo
mundo hoje em dia, e 80 reais diários até que dá pra eu me virar.
- O Jardim Futuro já passou?
- Já sim, acabou de sair daqui.
Vou
ter que chamar um taxi, que droga.
Engraçado
eu trabalhar em um bairro com esse nome, é quase como se a única
forma de eu estar no futuro é indo ao trabalho, às vezes me divirto
pensando nisso, penso que todo dia vou para o futuro em um emprego
sem futuro, o que acaba me remetendo ao presente onde o ônibus do
futuro já passou e eu estou indo pro meu emprego sem futuro de taxi,
o que me deixa 25 reais mais pobre, que necessidade de ir para o
futuro. E que viagem...
Pegamos
trânsito e cheguei quase meia hora atrasado, o dobro do tempo que eu
gastaria de bicicleta, tá aí! Porque eu não compro uma bicicleta?
- MEIA HORA DE ATRASO! VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA!
- Bom dia Sr. Renato, perdi o ônibus e o taxista caiu no trafego.
Não
entendo o uso de “Sr.” para pessoas com menos de cinquenta anos
de idade, dizem que é por respeito, hierarquia, mas me incomoda ter
que respeitar alguém que não respeita ninguém, é mais pra não
perder o emprego mesmo.
- QUE SE FODA SUAS DESCULPAS! NÃO TE PAGO PRA FICAR OUVINDO DESCULPA! TE PAGO PRA CHEGAR NO HORÁRIO!
- Não vai acontecer mais, eu prometo.
- ACHO BOM, PORQUE SE ACONTECER DE NOVO EU TE CHUTO, SEU LIXO!
E
eu achando que eu estava de mau humor.
- E aí cara! Parabéns! Como tá se sentindo mais velho???
- Não muda merda nenhuma, e você como tá?
Luigi
é meu amigo de infância, ele que me arranjou esse emprego, é pra
ele que eu devo agradecer maus 80 reais por dia.
- Tô de ressaca, bebi de mais ontem
- Em plena segunda-feira?
- Claro! Não tem dia da semana pra encher a cara!
- Não sei como você aguenta, eu mesmo quase não levantei hoje.
- Porra, é só levantar. E hoje, vai fazer o que?
- Tava pensando em ficar em casa e tomar umas duas garrafas de vinho. (Ou três)
- Vai ter uma festa na casa de uns amigos meus, despedida de uma menina que vai pra outro país, acho que Austrália.
- Vou pensar.
- Pensar o caralho, pensar te atrasa, vai acabar nem indo.
Pensar
me atrasa e me ocupar faz a vida passar mais rápida, é por isso que
a gente se esquece das coisas, até mesmo o que almoçou, isso quer
dizer que a vida tá pasado diante dos seus olhos, quase igual no
segundo antes de morrer, será que eu tô morrendo?
- Então fechou! Passo na sua casa umas 20:30, ok?
- Ainda não sei se vou, me liga antes. Pode me deixar aqui que eu preciso passar no mercado, valeu a carona!
- Até mais tarde então! E nada de miar o rolê.
Trabalhar
pra comprar coisas, comprar coisas pra viver e não se sentir vivo.
Acho melhor comprar quatro garrafas de vinho.
"Help! I need
somebody! Help!”
- Alô? Fala Luigi!
- Daqui 20 minutos eu tô passando aí!
Já
eram 20:20 e eu nem abri uma garrafa de vinho ainda, acho que vou
nessa festa.
- Tá bom, vou tomar um banho e me arrumar.
Chegamos
na festa e eu precisava de uma cerveja, ou várias.
- Hey! Aposto que você não lembra de mim!
- Não mesmo, desculpa.
- Bruna, amiga da Maria Clara!
Eu
gosto de Brunas, me lembra brunette, ela é bonita.
- Maria Clara?
- Que vai pra Austrália.
- Ah! Não conheço, to meio que de bicão.
- Te confundi então...
Demos
risadas. Que sorriso gostoso.
- Tem certeza que você não tava na festa sábado?
- Sim, sábado eu fiquei em casa.
- Podia jurar que era você.
- Mas não era, senão a gente já se conheceria.
- É...
E
mais uma vez o sorriso maravilhoso, que merda de sorriso.
- Vou pegar uma cerveja.
- Ok, a gente se esbarra.
Não
parava de chegar gente, quantas pessoas essa garota conhece? Ou deve
ter muita gente de bicão igual eu, que nem liga pra essa mina.
Comecei
a ficar bêbado era 23:30 quando me peguei olhando pra Bruna enquanto
ela dançava. Não sei por quanto tempo fiquei ali parado.
- Dança comigo, estranho?
- Claro!
O
que o álcool não faz...
Dançamos
juntos a noite toda, achei que tava rolando algo, queria que tivesse.
- Vamos pra outro lugar?
- Pode ser minha casa?
- Pode.
Ainda
bem que comprei vinho, abrimos uma garrafa.
Bebemos
e começamos a dançar, com o alcool na mente, quem precisa de
música? Nossos corpos se entrelaçavam como se a música tivesse
alí, em uma harmonia perfeita. Beijei e mordi de leve seu pescoço e
ela gemeu, ela me desejava. Beijei os lábios enquanto ela me
apertava e me arranhava as costas. Fomos para o quarto, joguei ela na
cama enquanto ela tirava a minha blusa, completamente sem fôlego.
Lambi seu seio, mais uma vez ela gemeu, ofegante começamos a
transar. Apertava suas coxas e ela me trazia pra mais perto dela,
mais dentro dela. O sexo perfeito e intenso acontecia, suor e prazer
percorriam meu corpo. Gemidos e gritos ecoavam no quarto. No ápice
da luxúria veio o orgasmo, um gemido prolongado e sútil veio com o
auge do prazer. Não percebi o tempo que passou, estava extasiado,
não acreditava no final perfeito daquele dia de merda.
“Help!
I need somebody! Help!”
Abro
o olho e vejo cinco garrafas de vinho vazias esparramadas pelo chão
do meu quarto.
“Not
just anybody! Help!”
11:30
da manhã, porra...
“Help!”
Click.